Especialista fala sobre como a prevenção pode evitar o câncer de colo uterino
4 de setembro de 2020 - 15:50
O contato de mulheres com o Papilomavírus Humano (HPV) pode gerar lesões no colo do útero que, se não tratadas de maneira adequada, podem se agravar e evoluir para câncer de colo uterino. “Por isso a prevenção [ginecológica] é tão importante. Ela pode detectar essas lesões”, disse a médica ginecologista Fabiola Vicente, Hospital e Maternidade José Martiniano de Alencar (HMJMA), da Secretaria de Saúde do Ceará (Sesa-CE), do Governo do Estado.
Fabiola explica que os exames possibilitam a detecção precoce das lesões e o encaminhamento da paciente para uma unidade de referência. Entre elas, o Martiniano de Alencar. “Aqui [HMJMA] realizamos a coposcopia, exame que permite a visualização dessas lesões, e damos seguimento ao tratamento que pode ser ambulatorial ou cirúrgico, dependendo da lesão”, explica.
Após o exame, as lesões de baixo grau podem ser acompanhadas por meio de consultas ambulatoriais. “Elas tem um índice de regressão espontânea significativo, então, podem ser apenas acompanhadas”, disse a médica. Mas, caso seja necessário, a equipe médica da unidade realiza a eletrocoagulação da lesão. Um procedimento simples que não necessita de internação, mas twm a capacidade de eliminar as celulas afetadas pelo vírus.
Em casos de lesões de alto grau, no entanto, é preciso realizar uma conização. Procedimento onde o área afetada pelo problema é retirado. “Fazemos aqui o tratamento mais conservador possível, então é muito improvável [a perda da fertilidade]. Estamos falando de mulheres jovens em sua maioria, então, temos como objetivo manter a fertilidade dela”, explica a médica.
A dona de casa Narijaslas Maria dos Santos, de 40 anos, passou pela conização recentemente. “Eu fui fazer minha prevenção, eu não sentia nada de errado, nem dor. Mas teve um sangramento na prevenção e me mandaram vir para cá [HMJMA]. Eu tive de fazer uma pequena cirurgia”, conta Narijaslas, que reside na cidade de Paraipaba, a 93 km de Fortaleza. A remoção foi bem sucedida.
Fabiola explica que os tratamentos são suficientes para eliminação das lesões e dos riscos. E as lesões não retornam. Uma nova lesão, normalmente, só surge se a paciente voltar a ter contato com o vírus HPV. A médica especialista afirma ainda que, apesar incomuns, há casos em que a biopsia inicial do colo do útero já revela a existência de câncer. Estas pacientes devem passar por novos procedimentos.
“Mesmo assim, é um diagnóstico precoce e beneficia a paciente, as chances de cura são mais altas”, disse a médica, ressaltando novamente a importância dos exames de rotina. “São procedimentos simples que impedem uma doença gravíssima e que ainda mata muito no Brasil. Tem que fazer a prevenção.”.
HPV
Considerado uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST) e de fácil contágio, o HPV tem vários subtipos. Uma forma de prevenir é o uso da camisinha, mas, se as lesões estiverem fora da área de cobertura do preservativo durante o ato sexual, o risco ainda existirá.
Uma outra forma de prevenir é a vacina, esta, porém, só protege contra alguns subtipos do vírus. Ou seja, o contato com outros subtipos ainda pode ocasionar o surgimento de lesões. “Nada substitui a prevenção, a citologia [exame feito na prevenção]. Sempre é importante manter os exames de rotina”, explica Fabiola.
Vacina
A vacina contra o HPV está disponível na rede pública para meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos. Já na rede privada, pode ser aplicada em qualquer pessoa acima de 9 anos. Mesmo adultos com vida sexualmente ativa.
Ambulatório
O ambulatório de tratamento de lesões precursoras de câncer de colo de útero no Hospital e Maternidade José Martiniano de Alencar acontece todas as segundas e sextas-feiras, no turno da manhã. Os pacientes, no entanto, são todos agendados por meio da Central de Regulação do Estado, provenientes de postos de saúde e outras unidades de atenção básica da rede pública.